Preparativos

34 semanas. A pouco e pouco vai ficando tudo prontinho para te receber. Mais duas semaninhas e devemos ter acabado a tarefa. Poderei então descansar, na certeza de que só ficas mesmo a faltar tu.

As próximas tarefas urgentes são lavar a tua roupa e fazer as nossas malinhas para o grande dia, ir buscar o berço e lavar o que é para lavar e deixá-lo montado à tua espera. As compras a fazer já estão praticamente todas, falta apenas o "canguru" para te transportar juntinha a mim e manter as mãoes livres. Com o mano não precisei, mas desta vez as minhas mãos vão ter que se multiplicar para cuidar dos dois.
Vais herdar muitas coisinhas do mano, mas terás muitas coisinhas novas para ti, em especial roupinhas de menina. Tudo o que é novo é cor-de-rosa, pois claro. E estamos preparar todos os pormenores com o maior carinho.
Estou a transbordar de amor. É um sentimento grandioso.

Ponto da situação

33 semanas. Tudo bem connosco. Tenho tido pouco tempo para vir aqui. Mas está tudo bem. A Constança tem demasiado espaço para nadar e continua a fazer da minha barriga uma autêntica piscina. Os movimentos dela são particularmente violentos a partir das 22 H0ras. Durante o dia intercala períodos de actividade com descanso. A partir das dez começa a festa. É de tal maneira que toda a barriga abana e chega a magoar-me. Se me dissessem eu diria que isto não era possível. Pensava com certeza: "que mãe mais desnaturada...como é que um bebé pode magoar uma mãe antes de nascer". Para que fique registado aqui...os movimentos da Constança são de tal forma fortes que me chegam a causar incómodo e temo muitas vezes que ela própria se magoe ao ir contras os meu ossos. Sim. Eu sinto-a a bater nos ossos da bacia...

Vou ter tantas saudades de a sentir cá dentro. A minha filha consegue ser, desde já, inesquecível.

Saudade

O H. disse-me no outro dia que tinha saudades da mana. O conceito pareceu-me mal aplicado de início, mas não é. Pensando melhor no assunto também eu tenho saudades de ti. Estou a entrar naquela fase em que, de vez em quando, me dá uma vontade imensa de te ter nos meus braços. O síndroma do ninho começa a revelar-se e já só descanso quando vir o ninho feito.

Descanso

Mais uma consulta de rotina, em que um dos objectivos era mostrar o relatório da ecografia das 31 semanas. A médica descansou-me relativamente ao peso e tamanho da Constança. Segundo ela grande parte deste facto deve-se ao factor genético e, segundo ela, é até uma sorte que tenho de não ter bebés muito grandes. A sua única preocupação foi para o facto de o H. ter nascido às 37 semanas e de existir alguma probablidade desta pequenina também se lembrar de sair mais cedo. Tenho uma barriga bastante grande, uma estrutura pequena, o historial anterior...pode acontecer. E aí a acontecer temos mesmo uma pulguinha pequenina. Não que seja grave. Mas...que tal descansar para ver se prolongamos esta gravidez mais um bocadinho?
Depois de uma conversa com o director, acordámos que estou então numa espécie de semi-baixa, na qual continuo a assegurar algumas das minhas tarefas, em casa, aqui a tempo parcial, como eu achar melhor e de forma a que me permita descansar e aguentar o barco enquanto a minha coleguinha não volta da sua licença de maternidade e assume as minhas pastas. Quando ela voltar, no início de Junho, fico então de baixa de perna estendida à espera da Constança.
Tenho que admitir que esta é a opção que mais me agrada, porque a verdade é que me sentiria bastante mal em abandonar as coisas aqui quando isto já está um pouco complicado em termos de recursos humanos. Sei que a gratificação em termos profissionais será exactamente a mesma. Sei que se as coisas estão assim é porque, infelizmente, quem efectivamente manda não tem a visão mais correcta das coisas. Mas a minha consciência fica muito mais tranquila. E não me posso esquecer que aqui tenho, felizmente, muito mais que colegas. Tenho pessoas que considero minhas amigas. Para além do mais faz-me bem continuar a exercitar a mente e o cérebro sem me cansar tanto fisicamente.
Mas... a grande novidade desta consulta foi: a Constança deu a volta e está de cabeça para baixo. Finalmente a ver o mundo ao contrário. Vamos lá ver se definitivamente, ou se ainda vai andar para aqui às voltas, com tanto espaço não me admira que ainda mude novamente.
A médica fez uma exclamação quando viu no relatório da ecografia que a posição era "pélvica, modo pés". Disse logo que fazer uma cesariana (única saída possível para bebés de pés) numa criança tão pequenina era uma "grande chatice". Eu disse-lhe logo que entretanto sentia que ela já não estava na mesma posição, porque logo no dia a seguir à eco eu deixei de sentir os pontapés que sentia mesmo no fundo da barriga. Fomos então espreitar a malandrinha...e não é que estava de cabeça para baixo? Fiquei toda contente! Vamos lá a ver se se aguenta assim.

31 semanas - Ecografia

Hoje fizémos a ecografia do terceiro trimestre. O relatório final indica uma menina muito pequenina, no percentil 20, com cerca de 1500 grs. Tudo bem em termos de desenvolvimento, liquido amniótico normal, tudo bem proporcionado. Mas pequenina. Claro que temos o factor genético a ajudar, claro que o mano também era pequenino (e ainda é), claro que... blá, blá, blá. Mas fiquei a pensar nisto tudo e acho que alguma coisa tem que mudar. Entretanto sexta-feira, dia 6, temos na consulta na obstetra onde vou poder colocar as minhas dúvidas, reticências e outras pontuações que tais. Estou com alguma ansiedade para saber o que me vai dizer a médica. Mas estou até a adivinhar...
Também digno de nota o facto de a Constança não estar afinal a ver o mundo ao contrário. Quem vê os filmes todos ao contrário é a mamã que, até já o disse aqui, não percebe nada disto. A garota está de pés, nem sequer está sentada...a primeira parte do corpo que se apresentaria hoje ao mundo, se decidisse nascer, seriam os seus pézinhos de 53 mm. Quanto a isso a médica disse-me aquilo que também já sabia, ainda é muito cedo para tirar conclusões. Vamos esperar para ver.

A mamã

Sente-se bem, mas cansada. Já lhe falta a coragem para continuar ao mesmo ritmo e abrandou. Chegar a casa, depois de um dia de trabalho, de ir buscar o mano ao colégio, dar-lhe banho, preparar o jantar, pôr a mesa, ainda apanhar ou dobrar uma roupa e todoas as pequenas coisas que surgem é, neste momento, demasiado pesado. Assim, limitamo-nos mesmo ao jantar e o papá dá o banhinho quando chega. Resultado...começamos a jantar depois das nove e quarto. É...a vida não está fácil. Ou a mãe é fraquinha...ou então, não sei. Às vezes penso que sou mesmo frágil e tenho falta de energia. Recrimino-me porque olho à volta e parece-me que faço menos que outras mães... Outras vezes, vejo exemplos que me fazem sentir uma super mulher e achar que até faço muito. Confesso que sou uma pessoa complicada por natureza e que por vezes a falta de autoconfiança gera em mim complexos exagerados. Estas hormonas todas em actividade não ajudam e neste momento tenho uma imensa baralhação de ideias na cabeça.
Sei que me sinto cansada, mas que este é um cansaço bom e que me continua a fazer sorrir mesmo ao fim de um longo dia.

Só um segundo do meu tempo...

...para reportar que a Constança está com soluços!
Quem a manda ser comilona, hein?