A nossa história continua aqui.
26.7.05
25.7.05
1 mês
A Constança já tem um mês. Um quinto do meu tempo de exclusividade com ela já se passou.
Já não dorme o dia inteirinho, fica uns bocadinhos acordada. Fixa todas as coisas à sua volta e parece estar a estudar tudo muito atentamente. O móbil musical deixa-a encantada, parada e atenta. Também já liga à bonecada em geral e, surpreendentemente, mexe as mãos até conseguir tocar naquilo que vê. Claro que não tem controlo de movimentos para isso, mas que tenta, tenta. Já me brindou com um sorriso aberto e intencional em resposta às minhas patetices. O papá teve mais sorte, porque o sorriso dirigido a ele foi tal que até saiu som. A primeira gargalhada deixou o pai babadérrimo e a Constança baralhada - "de onde é que saiu este som? fui eu??"
As noites podiam ser melhores, mas também não são más de todo. De sábado para domingo, tive direito a um intervalo entre a meia noite e meia e as seis e meia da manhã. Luxo absoluto. Regra geral mama de quatro em quatro horas. A coisa correria maravilhosamente se, finda a paparoca, adormecesse na sua caminha silenciosamente. Não é bem assim. Dá luta. Quer ficar acordada. Choraminga, chora e remexe-se. Já a deixei a chorar uns bons minutos para ver se captava a mensagem. Não captou ainda muito bem. Vamos lá com o tempo. Não me tem custado muito. Parece que acordar a meio da noite, duas vezes por noite, se tornou uma coisa normalíssima para mim. Eu, a dorminhoca-mor, que adormecia todos os dias a dar de mamar ao Henrique. Há coisas que mudam mesmo em nós. Esta foi uma delas. Ainda bem.
Sinto que este bebé despertou em mim o mais forte dos instintos maternais. Não é que não o tivesse antes, acho que tinha, mas agora está mais forte. Aquela dedicação absoluta e incondicional que admirava em algumas mães. O acordar a meio da noite calmamente, o despertar ao mínimo ruído, o largar tudo para lhe dar de mamar...
Não me canso de olhar para ela, e olho durante muito tempo para não me esquecer.
13.7.05
3 semanas
Já passaram três semanas. Tento aproveitar ao máximo cada minuto, cada hora da minha filhota, para que o tempo passe devagar... mas a verdade é que o tempo voa.
A Constança está óptima. Continua a ser uma menina linda e muito calminha. Mama muito bem, mas adora adormecer passados dez minutos, depois lembra-se que ainda tem fome e daí a meia hora está a pedir mais. Mas a mamã vai-lhe aprendendo as manhas e contorna-as com uma grande pinta. Agora, quando a menina começa a adormecer muda-lhe a fraldinha e ela desperta novamente para a segunda parte da refeição.
Na sexta-feira passada fui pesá-la e já estava com 2,900 kg. Nada mau. E parece continuar a crescer. Vê-se pelas roupas e pelo espaço cada vez maior que ocupa no ovinho. Às duas semanas começou finalmente a despertar para o mundo e os períodos acordada aumentaram. Já fica a observar o que a rodeia, já fixa os objectos e a nossa cara. Já esboça sorrisos frequentemente. Demonstra claramente quando algo lhe agrada, fazendo uma expressão inconfundível. E o que lhe agrada mais? Banhinho (com água muito morninha, entre 34º e 35º, mais do que isso reclama), que a dispa e lhe tire a fralda e que lhe dê festinhas na cabeça.
Finalmente, o que continua a ser sempre motivo de alegria para ela são os carinhos e as atenções do mano.
A propósito, o Henrique candidata-se seriamente ao lugar de melhor mano do mundo. É uma ternura. Mas é só com ela, porque de resto está uma verdadeira peste. Ele já era eléctrico agora está hiper-eléctrico.
A mamã continua na maior. E...só não se está a portar muito bem com história da ginástica pós- parto. É uma vergonha mas ainda não se foi inscrever. Deve estar a gostar da imagem de super baleia...
6.7.05
Relato de um parto
Faz hoje duas semanas. Já tenho a distância temporal suficiente para escrever sobre o assunto sem me dar vontade de chorar.
Acordei por volta das oito e meia e senti-me sem mais sono. Tomei o pequeno-almoço. Liguei o computador para ver o mail enquanto comia. Sentia-me estranha. Instintivamente percebi que a Constança ia nascer. Umas pequenas dores de barriga. Um corrimento rosa, levemente ensanguentado. Fiquei contente. Provavelmente ainda nesse mesmo dia ia conhecer a minha filhota. Às 9:50 coloquei um post neste mesmo blog a dizer que provavelmente estava a entrar em trabalho de parto.
Estava calmíssima e relaxada. Afinal…era apenas o princípio de um longo processo e tinha ainda tempo para fazer imensas coisas. Entretanto o Henrique acordou, fiz-lhe a papa e dei-lha enquanto ele via o Play House Disney. Percebi que estava com contracções de meia em meia hora. Telefonei para o colégio a avisar que ele não ia. Não me sentia em condições para me meter no carro com ele e conduzir os 15 minutos que nos separam da escola. Às dez horas telefonou-me o papá, que estava a trabalhar desde as 4h30…disse-lhe que estava a chegar a hora, mas que ele não precisava de se stressar, que eu estava bem, ainda devia faltar imenso tempo, e que podia acabar o seu trabalho e sair à hora habitual – 11horas. Às 10h20 telefonou-me a minha mãe…estranhei o telefonema tão cedo, mas ela disse-me que estava preocupada comigo. Quando lhe disse o que se estava a passar ficou em pânico: eu sozinha em casa com uma criança de 3 anos, e em trabalho de parto. Lá descansou quando lhe disse que o R. sairia às 11 horas.
Fui arrumar uma louça que estava por arrumar e estava a varrer o chão da cozinha quando senti uma água quente a escorrer por mim abaixo. As águas tinham rebentado. Eram 11 horas. A partir daí, as contracções ficaram mais fortes e cada vez menos espaçadas. Telefonei ao papá que entretanto estava quase a chegar. Chegou por volta das 11h30. Saímos logo de casa, passámos por casa dos meus pais para deixar o Henrique com o avô e seguimos para o hospital. O caminho parecia interminável. Ainda me lembrei de ligar à minha médica para saber se ela estava de serviço. Estava no consultório mas ia para o hospital à tarde. Pensei que era desta que ela iria assistir ao parto.
Cheguei ao hospital por volta das 12:15. Estava com 4 cm de dilatação e o colo do útero muito mole. A médica da urgência parece ter ficado toda contente por terem finalmente trabalho! Depois percebi que o bloco de partos estava vazio. Por essa altura eu estava já com contracções de minuto a minuto. Percebi que aquilo estava tudo a avançar muito depressa. Insistiram, ainda assim, em me ligar ao estúpido CTG. Eu torcia-me de dores e não suportava estar deitada de barriga para cima. Lá me deitei de lado e ficou mais suportável. Entretanto, senta-se uma enfermeira ao meu lado para me fazer um questionário…perguntas do género: "habilitações escolares minhas e do pai da criança, profissão de ambos, se o meu trabalho implicava esforço". Eu nem queria acreditar. Tentava concentrar-me na dor e em manter-me calma e faziam-me responder àquelas coisas estúpidas. Deixei de responder, concentrei-me em fazer a respiração, e a enfermeira largou-me… Lá se decidiu a levar-me para a sala de partos, não sem antes passar pelo WC para um clister. Por essa altura eu estava realmente com muitas, muitas dores. Tinha tanto calor que me despi e enfiei-me no duche morno. Foi uma sensação fantástica. Fiquei a sentir-me bem melhor. Levaram-me de cadeira de rodas para a sala de partos. Quando eu perguntei quando me iam dar a epidural…senti que ninguém tinha pensado nisso. Fiquei em pânico, e eu não sou de pânicos, mas estava tão aflita que a perspectiva de mais umas cinco ou seis horas de dores daquelas pareceu-me impossível de suportar. A enfermeira disse-me que ia avisar o anestesista, que naquele momento não estava disponível, mas que achava que já não dava para aplicar a epidural. Só me lembro de me tentar preparar psicologicamente para aguentar a dor e concentrar-me na respiração. Naquele momento já não havia sequer intervalos entre contracções, era uma espiral de dores intensas ou muitíssimo intensas e que pareciam não parar nunca. A enfermeira olhava para o CTG e disse-me, isto está a avançar muito rápido. Vão chamar o pai. Deviam ser mais ou menos 13:20. O R. chegou ao pé de mim e eu mal consegui falar. Mas a sensação de o ter ali ao meu lado foi de um alívio imenso. Estava-me a fazer falta um miminho. Acho que ele não estava preparado para me ver daquela maneira. A última vez que tal coisa lhe tinha acontecido, tinha encontrado uma mulher sorridente, conversadora e calma, sob o efeito de uma milagrosa anestesia. Perguntou-me se não estava com epidural…e eu disse-lhe que não sabiam se me iam dar, porque diziam que já não havia tempo. Saltou-lhe a tampa, perguntou à enfermeira onde é que estava o anestesista. A enfermeira só lhe disse que a situação estava a avançar mesmo muito depressa e que possivelmente já não iria ser possível. Decidiu fazer-me novamente o toque (eu acho que devo ter trepado pela cama acima), 6 para 7 centímetros e a avançar muito bem… o comentário "está tão bem posicionado para nascer, está mesmo prontinho, falta pouco", deu-me novo alento e força para continuar calmamente a fazer as benditas respirações sem perder o controle. Claro que o meu conceito de faltar pouco era obviamente diferente do da enfermeira. Eu achava que teria que esperar pelo menos, e sendo optimista, mais uma ou duas horas. Mas…para minha surpresa, não devem ter passado sequer 10 minutos e comecei a sentir uma vontade irresistível de fazer força. A sensação é impressionante. Não foi preciso dizer nada à enfermeira, ela percebeu o que se estava a passar. Novo toque: "10 centímetros, está completa, vai começar a puxar". Foi-me dando instruções de como fazer e eu tentava ir buscar às gavetas da memória aquilo que tinha aprendido há três anos no curso de preparação para o parto. À primeira vez que fiz força ela disse-me que já lhe via a cabeça, com muito cabelo escuro. Mais duas vezes e senti a cabeça a sair. Um alívio indescritível. Mais um bocadinho e saiu o resto do corpo, olhei para o relógio pendurado na parede: 13:40. Puseram-me a minha princesa em cima do peito. Vi-a pela primeira vez. Tão pequenina, tão frágil e tão forte ao mesmo tempo. Demorou a chorar e quando o fez foi mais um leve gemido que um choro. Ao meu lado o pai, que não deixou nunca de me dar a mão (acho que deve ter ficado com uns dedos esmagados), de me dar festas na cabeça e palavras de apoio, estava visivelmente comovido. Afinal tínhamos acabado de assistir a um milagre. Não houve anestesia, nem episiotomia. Foi um verdadeiro parto normal, que se desenrolou por completo em menos de três horas.
Não posso dizer que não custou. Custou imenso, as dores rasam o insuportável. Mas foi apenas um momento. Passou no segundo em que a Constança nasceu e naquele mesmo momento achei que tinha valido mesmo a pena.
Estive duas horas no recobro e lembro-me de pensar que me sentia lindamente. Estava a tremer incontrolavelmente mas sentia que estava mesmo muito bem. A verdade é que passadas seis horas (não me deixaram antes…) levantei-me para tomar um duche e dei por mim a andar normalmente como se nada tivesse acontecido. Amamentei sentada e saía da cama com a maior das facilidades. Foi uma recuperação espectacular que me ajudou a enfrentar com um sorriso as noites sem dormir, a complicada subida do leite e todas as pequenas contrariedades dos primeiros dias.
A enfermeira que assistiu ao parto teve um papel muito importante nesta recuperação, foi avaliando a resistência do períneo para ver se tinha elasticidade suficiente para não rasgar e evitar a episiotomia. Graças a esse simples gesto foi possível não ter que suportar aqueles pontos horríveis, e tantas vezes desnecessários, que tanto desconforto provocam. Percebi instintivamente que era graças ao profissionalismo e bom senso daquela mulher que tudo tinha corrido tão bem. Felizmente ainda lhe consegui dizer obrigada, antes de me levarem para o quarto.
29.6.05
1 Semana!
A Constança faz hoje uma semana. Nesta semana a minha vida virou-se de pernas para o ar...
- Dormi pouco, mas calma e pacificamente.
- Recuperei a 100% do parto, a única lesão que permanece é a enorme nódoa negra que tenho no braço, resultado de uma primeira tentativa frustrada de me colocarem o soro.
- Passámos a ser 4 cá em casa mas, miraculosamente, estou despachada de banhos, jantar e arrumações de cozinha às 9 Horas. Uma hora mais cedo do que era habitual...
- Tenho que perder 4,5 Kg para voltar ao peso inicial.
- Apesar disso ainda não tenho nenhumas calças pré-grávida que me sirvam.
- Estou a explodir de felicidade e de amor.
- Eu e o papá estamos em fase de paixão mútua. Este nascimento uniu-nos ainda mais. Foi um trabalho de equipa fabuloso. Acho que relembrámos o quanto somos fortes, os dois juntos.
A Constança...
- passou a semana inteira a dormir.
- Ainda não regularizou os hábitos de alimentação, tanto faz intervalos de duas horas como de seis. Começa agora a estabilizar nas 3 horas e meia, quatro horas.
- Raramente chora.
- Já exibe, desde ontem, uma bela barriga com umbigo perfeitinho de gente.
- Nota-se que cresceu...já houve roupas que deixaram de lhe servir (as de prematuro, 45 cm, claro!).
- Fez o teste do pézinho na segunda-feira. Nesse dia pesei-a e estava com 2,590 Kg (menos 20 grs que à nascença). Ou perdeu muito pouco peso ou já o recuperou (valente!).
- Mama cada vez melhor e com mais satisfação.
- Gosta de ouvir a voz do mano e adora festinhas.
- Tem enormes ataques de soluços, mas não se queixa.
- Gosta de xuxa...
- Adora banho (nunca chorou..., ok, no primeiro um bocadinho, mas foi no hospital e não estavam reunidas as condições ideiais.)
- Como o tempo tem estado muito mais fresco do que eu esperava, as roupinhas que tenho para ela estão quase todas por estrear. Tem vestido tudo o que foi do mano. Adoro reviver aquelas roupas, agora num corpinho diferente. Tem dado uma nostalgia...
E uma semana depois estou...perdidamente apaixonada e a explodir amor por todos os poros. Esta princesa é o melhor antídoto para depressão pós-parto que pode haver.
28.6.05
Dormir!
Esta noite dormi sete horas e meia, divididas em três! Desde dia 21 de Junho que não conseguia tal proeza. O mais giro...é que nem tenho sentido grande falta do sono. Estou feita uma mulherzinha!
27.6.05
De volta!
Tenho tanta, mas tanta coisa para contar que nem sei por onde começar. Vou demorar meses a actualizar isto.
Mas comecemos pelo princípio. A Constança nasceu, como já sabem, no dia 22 de Junho, às 13:40, com 2,610 Kg e 47 cm. Correu tudo muitíssimo bem. Foi rápido (mas não indolor, eh,eh,eh). Aliás não foi rápido, foi um parto relâmpago, daqueles que eu pensava que só nos filmes. Voltei para casa logo na sexta-feira, à hora de almoço. Neste momento posso dizer que estou recuperada a 100%.
Com tempo contarei todos os pormenores. Agora só quero agradecer ao meu querido cunhado, pela divulgação da novidade e por todo o apoio que deu ao papá babado e à minha amiga S. e sua linda filhota Filipa por terem também dito à blogoesfera que a Constança já tinha nascido.
Finalmente, um grande beijinho a todos os que colocaram mensagens neste blog. Adorei ler cada uma delas e para mim todas foram importantes. Nem eu jamais poderia imaginar como se tornam importantes estas palavras de carinho vindas de pessoas que não conheço, nunca vi, nem imagino como sejam. Mas são presenças na minha vida. Existem e eu lembro-me delas ao ponto de querer avisar toda a gente de que estava a chegar a hora. E isso, mais do que todas as filosofias baratas ou caras que se possam elaborar, é que é mesmo importante!
1 mês
A Constança já tem um mês. Um quinto do meu tempo de exclusividade com ela já se passou.
Já não dorme o dia inteirinho, fica uns bocadinhos acordada. Fixa todas as coisas à sua volta e parece estar a estudar tudo muito atentamente. O móbil musical deixa-a encantada, parada e atenta. Também já liga à bonecada em geral e, surpreendentemente, mexe as mãos até conseguir tocar naquilo que vê. Claro que não tem controlo de movimentos para isso, mas que tenta, tenta. Já me brindou com um sorriso aberto e intencional em resposta às minhas patetices. O papá teve mais sorte, porque o sorriso dirigido a ele foi tal que até saiu som. A primeira gargalhada deixou o pai babadérrimo e a Constança baralhada - "de onde é que saiu este som? fui eu??"
As noites podiam ser melhores, mas também não são más de todo. De sábado para domingo, tive direito a um intervalo entre a meia noite e meia e as seis e meia da manhã. Luxo absoluto. Regra geral mama de quatro em quatro horas. A coisa correria maravilhosamente se, finda a paparoca, adormecesse na sua caminha silenciosamente. Não é bem assim. Dá luta. Quer ficar acordada. Choraminga, chora e remexe-se. Já a deixei a chorar uns bons minutos para ver se captava a mensagem. Não captou ainda muito bem. Vamos lá com o tempo. Não me tem custado muito. Parece que acordar a meio da noite, duas vezes por noite, se tornou uma coisa normalíssima para mim. Eu, a dorminhoca-mor, que adormecia todos os dias a dar de mamar ao Henrique. Há coisas que mudam mesmo em nós. Esta foi uma delas. Ainda bem.
Sinto que este bebé despertou em mim o mais forte dos instintos maternais. Não é que não o tivesse antes, acho que tinha, mas agora está mais forte. Aquela dedicação absoluta e incondicional que admirava em algumas mães. O acordar a meio da noite calmamente, o despertar ao mínimo ruído, o largar tudo para lhe dar de mamar...
Não me canso de olhar para ela, e olho durante muito tempo para não me esquecer.
13.7.05
3 semanas
Já passaram três semanas. Tento aproveitar ao máximo cada minuto, cada hora da minha filhota, para que o tempo passe devagar... mas a verdade é que o tempo voa.
A Constança está óptima. Continua a ser uma menina linda e muito calminha. Mama muito bem, mas adora adormecer passados dez minutos, depois lembra-se que ainda tem fome e daí a meia hora está a pedir mais. Mas a mamã vai-lhe aprendendo as manhas e contorna-as com uma grande pinta. Agora, quando a menina começa a adormecer muda-lhe a fraldinha e ela desperta novamente para a segunda parte da refeição.
Na sexta-feira passada fui pesá-la e já estava com 2,900 kg. Nada mau. E parece continuar a crescer. Vê-se pelas roupas e pelo espaço cada vez maior que ocupa no ovinho. Às duas semanas começou finalmente a despertar para o mundo e os períodos acordada aumentaram. Já fica a observar o que a rodeia, já fixa os objectos e a nossa cara. Já esboça sorrisos frequentemente. Demonstra claramente quando algo lhe agrada, fazendo uma expressão inconfundível. E o que lhe agrada mais? Banhinho (com água muito morninha, entre 34º e 35º, mais do que isso reclama), que a dispa e lhe tire a fralda e que lhe dê festinhas na cabeça.
Finalmente, o que continua a ser sempre motivo de alegria para ela são os carinhos e as atenções do mano.
A propósito, o Henrique candidata-se seriamente ao lugar de melhor mano do mundo. É uma ternura. Mas é só com ela, porque de resto está uma verdadeira peste. Ele já era eléctrico agora está hiper-eléctrico.
A mamã continua na maior. E...só não se está a portar muito bem com história da ginástica pós- parto. É uma vergonha mas ainda não se foi inscrever. Deve estar a gostar da imagem de super baleia...
6.7.05
Relato de um parto
Faz hoje duas semanas. Já tenho a distância temporal suficiente para escrever sobre o assunto sem me dar vontade de chorar.
Acordei por volta das oito e meia e senti-me sem mais sono. Tomei o pequeno-almoço. Liguei o computador para ver o mail enquanto comia. Sentia-me estranha. Instintivamente percebi que a Constança ia nascer. Umas pequenas dores de barriga. Um corrimento rosa, levemente ensanguentado. Fiquei contente. Provavelmente ainda nesse mesmo dia ia conhecer a minha filhota. Às 9:50 coloquei um post neste mesmo blog a dizer que provavelmente estava a entrar em trabalho de parto.
Estava calmíssima e relaxada. Afinal…era apenas o princípio de um longo processo e tinha ainda tempo para fazer imensas coisas. Entretanto o Henrique acordou, fiz-lhe a papa e dei-lha enquanto ele via o Play House Disney. Percebi que estava com contracções de meia em meia hora. Telefonei para o colégio a avisar que ele não ia. Não me sentia em condições para me meter no carro com ele e conduzir os 15 minutos que nos separam da escola. Às dez horas telefonou-me o papá, que estava a trabalhar desde as 4h30…disse-lhe que estava a chegar a hora, mas que ele não precisava de se stressar, que eu estava bem, ainda devia faltar imenso tempo, e que podia acabar o seu trabalho e sair à hora habitual – 11horas. Às 10h20 telefonou-me a minha mãe…estranhei o telefonema tão cedo, mas ela disse-me que estava preocupada comigo. Quando lhe disse o que se estava a passar ficou em pânico: eu sozinha em casa com uma criança de 3 anos, e em trabalho de parto. Lá descansou quando lhe disse que o R. sairia às 11 horas.
Fui arrumar uma louça que estava por arrumar e estava a varrer o chão da cozinha quando senti uma água quente a escorrer por mim abaixo. As águas tinham rebentado. Eram 11 horas. A partir daí, as contracções ficaram mais fortes e cada vez menos espaçadas. Telefonei ao papá que entretanto estava quase a chegar. Chegou por volta das 11h30. Saímos logo de casa, passámos por casa dos meus pais para deixar o Henrique com o avô e seguimos para o hospital. O caminho parecia interminável. Ainda me lembrei de ligar à minha médica para saber se ela estava de serviço. Estava no consultório mas ia para o hospital à tarde. Pensei que era desta que ela iria assistir ao parto.
Cheguei ao hospital por volta das 12:15. Estava com 4 cm de dilatação e o colo do útero muito mole. A médica da urgência parece ter ficado toda contente por terem finalmente trabalho! Depois percebi que o bloco de partos estava vazio. Por essa altura eu estava já com contracções de minuto a minuto. Percebi que aquilo estava tudo a avançar muito depressa. Insistiram, ainda assim, em me ligar ao estúpido CTG. Eu torcia-me de dores e não suportava estar deitada de barriga para cima. Lá me deitei de lado e ficou mais suportável. Entretanto, senta-se uma enfermeira ao meu lado para me fazer um questionário…perguntas do género: "habilitações escolares minhas e do pai da criança, profissão de ambos, se o meu trabalho implicava esforço". Eu nem queria acreditar. Tentava concentrar-me na dor e em manter-me calma e faziam-me responder àquelas coisas estúpidas. Deixei de responder, concentrei-me em fazer a respiração, e a enfermeira largou-me… Lá se decidiu a levar-me para a sala de partos, não sem antes passar pelo WC para um clister. Por essa altura eu estava realmente com muitas, muitas dores. Tinha tanto calor que me despi e enfiei-me no duche morno. Foi uma sensação fantástica. Fiquei a sentir-me bem melhor. Levaram-me de cadeira de rodas para a sala de partos. Quando eu perguntei quando me iam dar a epidural…senti que ninguém tinha pensado nisso. Fiquei em pânico, e eu não sou de pânicos, mas estava tão aflita que a perspectiva de mais umas cinco ou seis horas de dores daquelas pareceu-me impossível de suportar. A enfermeira disse-me que ia avisar o anestesista, que naquele momento não estava disponível, mas que achava que já não dava para aplicar a epidural. Só me lembro de me tentar preparar psicologicamente para aguentar a dor e concentrar-me na respiração. Naquele momento já não havia sequer intervalos entre contracções, era uma espiral de dores intensas ou muitíssimo intensas e que pareciam não parar nunca. A enfermeira olhava para o CTG e disse-me, isto está a avançar muito rápido. Vão chamar o pai. Deviam ser mais ou menos 13:20. O R. chegou ao pé de mim e eu mal consegui falar. Mas a sensação de o ter ali ao meu lado foi de um alívio imenso. Estava-me a fazer falta um miminho. Acho que ele não estava preparado para me ver daquela maneira. A última vez que tal coisa lhe tinha acontecido, tinha encontrado uma mulher sorridente, conversadora e calma, sob o efeito de uma milagrosa anestesia. Perguntou-me se não estava com epidural…e eu disse-lhe que não sabiam se me iam dar, porque diziam que já não havia tempo. Saltou-lhe a tampa, perguntou à enfermeira onde é que estava o anestesista. A enfermeira só lhe disse que a situação estava a avançar mesmo muito depressa e que possivelmente já não iria ser possível. Decidiu fazer-me novamente o toque (eu acho que devo ter trepado pela cama acima), 6 para 7 centímetros e a avançar muito bem… o comentário "está tão bem posicionado para nascer, está mesmo prontinho, falta pouco", deu-me novo alento e força para continuar calmamente a fazer as benditas respirações sem perder o controle. Claro que o meu conceito de faltar pouco era obviamente diferente do da enfermeira. Eu achava que teria que esperar pelo menos, e sendo optimista, mais uma ou duas horas. Mas…para minha surpresa, não devem ter passado sequer 10 minutos e comecei a sentir uma vontade irresistível de fazer força. A sensação é impressionante. Não foi preciso dizer nada à enfermeira, ela percebeu o que se estava a passar. Novo toque: "10 centímetros, está completa, vai começar a puxar". Foi-me dando instruções de como fazer e eu tentava ir buscar às gavetas da memória aquilo que tinha aprendido há três anos no curso de preparação para o parto. À primeira vez que fiz força ela disse-me que já lhe via a cabeça, com muito cabelo escuro. Mais duas vezes e senti a cabeça a sair. Um alívio indescritível. Mais um bocadinho e saiu o resto do corpo, olhei para o relógio pendurado na parede: 13:40. Puseram-me a minha princesa em cima do peito. Vi-a pela primeira vez. Tão pequenina, tão frágil e tão forte ao mesmo tempo. Demorou a chorar e quando o fez foi mais um leve gemido que um choro. Ao meu lado o pai, que não deixou nunca de me dar a mão (acho que deve ter ficado com uns dedos esmagados), de me dar festas na cabeça e palavras de apoio, estava visivelmente comovido. Afinal tínhamos acabado de assistir a um milagre. Não houve anestesia, nem episiotomia. Foi um verdadeiro parto normal, que se desenrolou por completo em menos de três horas.
Não posso dizer que não custou. Custou imenso, as dores rasam o insuportável. Mas foi apenas um momento. Passou no segundo em que a Constança nasceu e naquele mesmo momento achei que tinha valido mesmo a pena.
Estive duas horas no recobro e lembro-me de pensar que me sentia lindamente. Estava a tremer incontrolavelmente mas sentia que estava mesmo muito bem. A verdade é que passadas seis horas (não me deixaram antes…) levantei-me para tomar um duche e dei por mim a andar normalmente como se nada tivesse acontecido. Amamentei sentada e saía da cama com a maior das facilidades. Foi uma recuperação espectacular que me ajudou a enfrentar com um sorriso as noites sem dormir, a complicada subida do leite e todas as pequenas contrariedades dos primeiros dias.
A enfermeira que assistiu ao parto teve um papel muito importante nesta recuperação, foi avaliando a resistência do períneo para ver se tinha elasticidade suficiente para não rasgar e evitar a episiotomia. Graças a esse simples gesto foi possível não ter que suportar aqueles pontos horríveis, e tantas vezes desnecessários, que tanto desconforto provocam. Percebi instintivamente que era graças ao profissionalismo e bom senso daquela mulher que tudo tinha corrido tão bem. Felizmente ainda lhe consegui dizer obrigada, antes de me levarem para o quarto.
29.6.05
1 Semana!
A Constança faz hoje uma semana. Nesta semana a minha vida virou-se de pernas para o ar...
- Dormi pouco, mas calma e pacificamente.
- Recuperei a 100% do parto, a única lesão que permanece é a enorme nódoa negra que tenho no braço, resultado de uma primeira tentativa frustrada de me colocarem o soro.
- Passámos a ser 4 cá em casa mas, miraculosamente, estou despachada de banhos, jantar e arrumações de cozinha às 9 Horas. Uma hora mais cedo do que era habitual...
- Tenho que perder 4,5 Kg para voltar ao peso inicial.
- Apesar disso ainda não tenho nenhumas calças pré-grávida que me sirvam.
- Estou a explodir de felicidade e de amor.
- Eu e o papá estamos em fase de paixão mútua. Este nascimento uniu-nos ainda mais. Foi um trabalho de equipa fabuloso. Acho que relembrámos o quanto somos fortes, os dois juntos.
A Constança...
- passou a semana inteira a dormir.
- Ainda não regularizou os hábitos de alimentação, tanto faz intervalos de duas horas como de seis. Começa agora a estabilizar nas 3 horas e meia, quatro horas.
- Raramente chora.
- Já exibe, desde ontem, uma bela barriga com umbigo perfeitinho de gente.
- Nota-se que cresceu...já houve roupas que deixaram de lhe servir (as de prematuro, 45 cm, claro!).
- Fez o teste do pézinho na segunda-feira. Nesse dia pesei-a e estava com 2,590 Kg (menos 20 grs que à nascença). Ou perdeu muito pouco peso ou já o recuperou (valente!).
- Mama cada vez melhor e com mais satisfação.
- Gosta de ouvir a voz do mano e adora festinhas.
- Tem enormes ataques de soluços, mas não se queixa.
- Gosta de xuxa...
- Adora banho (nunca chorou..., ok, no primeiro um bocadinho, mas foi no hospital e não estavam reunidas as condições ideiais.)
- Como o tempo tem estado muito mais fresco do que eu esperava, as roupinhas que tenho para ela estão quase todas por estrear. Tem vestido tudo o que foi do mano. Adoro reviver aquelas roupas, agora num corpinho diferente. Tem dado uma nostalgia...
E uma semana depois estou...perdidamente apaixonada e a explodir amor por todos os poros. Esta princesa é o melhor antídoto para depressão pós-parto que pode haver.
28.6.05
Dormir!
Esta noite dormi sete horas e meia, divididas em três! Desde dia 21 de Junho que não conseguia tal proeza. O mais giro...é que nem tenho sentido grande falta do sono. Estou feita uma mulherzinha!
27.6.05
De volta!
Tenho tanta, mas tanta coisa para contar que nem sei por onde começar. Vou demorar meses a actualizar isto.
Mas comecemos pelo princípio. A Constança nasceu, como já sabem, no dia 22 de Junho, às 13:40, com 2,610 Kg e 47 cm. Correu tudo muitíssimo bem. Foi rápido (mas não indolor, eh,eh,eh). Aliás não foi rápido, foi um parto relâmpago, daqueles que eu pensava que só nos filmes. Voltei para casa logo na sexta-feira, à hora de almoço. Neste momento posso dizer que estou recuperada a 100%.
Com tempo contarei todos os pormenores. Agora só quero agradecer ao meu querido cunhado, pela divulgação da novidade e por todo o apoio que deu ao papá babado e à minha amiga S. e sua linda filhota Filipa por terem também dito à blogoesfera que a Constança já tinha nascido.
Finalmente, um grande beijinho a todos os que colocaram mensagens neste blog. Adorei ler cada uma delas e para mim todas foram importantes. Nem eu jamais poderia imaginar como se tornam importantes estas palavras de carinho vindas de pessoas que não conheço, nunca vi, nem imagino como sejam. Mas são presenças na minha vida. Existem e eu lembro-me delas ao ponto de querer avisar toda a gente de que estava a chegar a hora. E isso, mais do que todas as filosofias baratas ou caras que se possam elaborar, é que é mesmo importante!
3 semanas
Já passaram três semanas. Tento aproveitar ao máximo cada minuto, cada hora da minha filhota, para que o tempo passe devagar... mas a verdade é que o tempo voa.
A Constança está óptima. Continua a ser uma menina linda e muito calminha. Mama muito bem, mas adora adormecer passados dez minutos, depois lembra-se que ainda tem fome e daí a meia hora está a pedir mais. Mas a mamã vai-lhe aprendendo as manhas e contorna-as com uma grande pinta. Agora, quando a menina começa a adormecer muda-lhe a fraldinha e ela desperta novamente para a segunda parte da refeição.
Na sexta-feira passada fui pesá-la e já estava com 2,900 kg. Nada mau. E parece continuar a crescer. Vê-se pelas roupas e pelo espaço cada vez maior que ocupa no ovinho. Às duas semanas começou finalmente a despertar para o mundo e os períodos acordada aumentaram. Já fica a observar o que a rodeia, já fixa os objectos e a nossa cara. Já esboça sorrisos frequentemente. Demonstra claramente quando algo lhe agrada, fazendo uma expressão inconfundível. E o que lhe agrada mais? Banhinho (com água muito morninha, entre 34º e 35º, mais do que isso reclama), que a dispa e lhe tire a fralda e que lhe dê festinhas na cabeça.
Finalmente, o que continua a ser sempre motivo de alegria para ela são os carinhos e as atenções do mano.
A propósito, o Henrique candidata-se seriamente ao lugar de melhor mano do mundo. É uma ternura. Mas é só com ela, porque de resto está uma verdadeira peste. Ele já era eléctrico agora está hiper-eléctrico.
A mamã continua na maior. E...só não se está a portar muito bem com história da ginástica pós- parto. É uma vergonha mas ainda não se foi inscrever. Deve estar a gostar da imagem de super baleia...
Relato de um parto
Faz hoje duas semanas. Já tenho a distância temporal suficiente para escrever sobre o assunto sem me dar vontade de chorar.
Acordei por volta das oito e meia e senti-me sem mais sono. Tomei o pequeno-almoço. Liguei o computador para ver o mail enquanto comia. Sentia-me estranha. Instintivamente percebi que a Constança ia nascer. Umas pequenas dores de barriga. Um corrimento rosa, levemente ensanguentado. Fiquei contente. Provavelmente ainda nesse mesmo dia ia conhecer a minha filhota. Às 9:50 coloquei um post neste mesmo blog a dizer que provavelmente estava a entrar em trabalho de parto.
Estava calmíssima e relaxada. Afinal…era apenas o princípio de um longo processo e tinha ainda tempo para fazer imensas coisas. Entretanto o Henrique acordou, fiz-lhe a papa e dei-lha enquanto ele via o Play House Disney. Percebi que estava com contracções de meia em meia hora. Telefonei para o colégio a avisar que ele não ia. Não me sentia em condições para me meter no carro com ele e conduzir os 15 minutos que nos separam da escola. Às dez horas telefonou-me o papá, que estava a trabalhar desde as 4h30…disse-lhe que estava a chegar a hora, mas que ele não precisava de se stressar, que eu estava bem, ainda devia faltar imenso tempo, e que podia acabar o seu trabalho e sair à hora habitual – 11horas. Às 10h20 telefonou-me a minha mãe…estranhei o telefonema tão cedo, mas ela disse-me que estava preocupada comigo. Quando lhe disse o que se estava a passar ficou em pânico: eu sozinha em casa com uma criança de 3 anos, e em trabalho de parto. Lá descansou quando lhe disse que o R. sairia às 11 horas.
Fui arrumar uma louça que estava por arrumar e estava a varrer o chão da cozinha quando senti uma água quente a escorrer por mim abaixo. As águas tinham rebentado. Eram 11 horas. A partir daí, as contracções ficaram mais fortes e cada vez menos espaçadas. Telefonei ao papá que entretanto estava quase a chegar. Chegou por volta das 11h30. Saímos logo de casa, passámos por casa dos meus pais para deixar o Henrique com o avô e seguimos para o hospital. O caminho parecia interminável. Ainda me lembrei de ligar à minha médica para saber se ela estava de serviço. Estava no consultório mas ia para o hospital à tarde. Pensei que era desta que ela iria assistir ao parto.
Cheguei ao hospital por volta das 12:15. Estava com 4 cm de dilatação e o colo do útero muito mole. A médica da urgência parece ter ficado toda contente por terem finalmente trabalho! Depois percebi que o bloco de partos estava vazio. Por essa altura eu estava já com contracções de minuto a minuto. Percebi que aquilo estava tudo a avançar muito depressa. Insistiram, ainda assim, em me ligar ao estúpido CTG. Eu torcia-me de dores e não suportava estar deitada de barriga para cima. Lá me deitei de lado e ficou mais suportável. Entretanto, senta-se uma enfermeira ao meu lado para me fazer um questionário…perguntas do género: "habilitações escolares minhas e do pai da criança, profissão de ambos, se o meu trabalho implicava esforço". Eu nem queria acreditar. Tentava concentrar-me na dor e em manter-me calma e faziam-me responder àquelas coisas estúpidas. Deixei de responder, concentrei-me em fazer a respiração, e a enfermeira largou-me… Lá se decidiu a levar-me para a sala de partos, não sem antes passar pelo WC para um clister. Por essa altura eu estava realmente com muitas, muitas dores. Tinha tanto calor que me despi e enfiei-me no duche morno. Foi uma sensação fantástica. Fiquei a sentir-me bem melhor. Levaram-me de cadeira de rodas para a sala de partos. Quando eu perguntei quando me iam dar a epidural…senti que ninguém tinha pensado nisso. Fiquei em pânico, e eu não sou de pânicos, mas estava tão aflita que a perspectiva de mais umas cinco ou seis horas de dores daquelas pareceu-me impossível de suportar. A enfermeira disse-me que ia avisar o anestesista, que naquele momento não estava disponível, mas que achava que já não dava para aplicar a epidural. Só me lembro de me tentar preparar psicologicamente para aguentar a dor e concentrar-me na respiração. Naquele momento já não havia sequer intervalos entre contracções, era uma espiral de dores intensas ou muitíssimo intensas e que pareciam não parar nunca. A enfermeira olhava para o CTG e disse-me, isto está a avançar muito rápido. Vão chamar o pai. Deviam ser mais ou menos 13:20. O R. chegou ao pé de mim e eu mal consegui falar. Mas a sensação de o ter ali ao meu lado foi de um alívio imenso. Estava-me a fazer falta um miminho. Acho que ele não estava preparado para me ver daquela maneira. A última vez que tal coisa lhe tinha acontecido, tinha encontrado uma mulher sorridente, conversadora e calma, sob o efeito de uma milagrosa anestesia. Perguntou-me se não estava com epidural…e eu disse-lhe que não sabiam se me iam dar, porque diziam que já não havia tempo. Saltou-lhe a tampa, perguntou à enfermeira onde é que estava o anestesista. A enfermeira só lhe disse que a situação estava a avançar mesmo muito depressa e que possivelmente já não iria ser possível. Decidiu fazer-me novamente o toque (eu acho que devo ter trepado pela cama acima), 6 para 7 centímetros e a avançar muito bem… o comentário "está tão bem posicionado para nascer, está mesmo prontinho, falta pouco", deu-me novo alento e força para continuar calmamente a fazer as benditas respirações sem perder o controle. Claro que o meu conceito de faltar pouco era obviamente diferente do da enfermeira. Eu achava que teria que esperar pelo menos, e sendo optimista, mais uma ou duas horas. Mas…para minha surpresa, não devem ter passado sequer 10 minutos e comecei a sentir uma vontade irresistível de fazer força. A sensação é impressionante. Não foi preciso dizer nada à enfermeira, ela percebeu o que se estava a passar. Novo toque: "10 centímetros, está completa, vai começar a puxar". Foi-me dando instruções de como fazer e eu tentava ir buscar às gavetas da memória aquilo que tinha aprendido há três anos no curso de preparação para o parto. À primeira vez que fiz força ela disse-me que já lhe via a cabeça, com muito cabelo escuro. Mais duas vezes e senti a cabeça a sair. Um alívio indescritível. Mais um bocadinho e saiu o resto do corpo, olhei para o relógio pendurado na parede: 13:40. Puseram-me a minha princesa em cima do peito. Vi-a pela primeira vez. Tão pequenina, tão frágil e tão forte ao mesmo tempo. Demorou a chorar e quando o fez foi mais um leve gemido que um choro. Ao meu lado o pai, que não deixou nunca de me dar a mão (acho que deve ter ficado com uns dedos esmagados), de me dar festas na cabeça e palavras de apoio, estava visivelmente comovido. Afinal tínhamos acabado de assistir a um milagre. Não houve anestesia, nem episiotomia. Foi um verdadeiro parto normal, que se desenrolou por completo em menos de três horas.
Não posso dizer que não custou. Custou imenso, as dores rasam o insuportável. Mas foi apenas um momento. Passou no segundo em que a Constança nasceu e naquele mesmo momento achei que tinha valido mesmo a pena.
Estive duas horas no recobro e lembro-me de pensar que me sentia lindamente. Estava a tremer incontrolavelmente mas sentia que estava mesmo muito bem. A verdade é que passadas seis horas (não me deixaram antes…) levantei-me para tomar um duche e dei por mim a andar normalmente como se nada tivesse acontecido. Amamentei sentada e saía da cama com a maior das facilidades. Foi uma recuperação espectacular que me ajudou a enfrentar com um sorriso as noites sem dormir, a complicada subida do leite e todas as pequenas contrariedades dos primeiros dias.
A enfermeira que assistiu ao parto teve um papel muito importante nesta recuperação, foi avaliando a resistência do períneo para ver se tinha elasticidade suficiente para não rasgar e evitar a episiotomia. Graças a esse simples gesto foi possível não ter que suportar aqueles pontos horríveis, e tantas vezes desnecessários, que tanto desconforto provocam. Percebi instintivamente que era graças ao profissionalismo e bom senso daquela mulher que tudo tinha corrido tão bem. Felizmente ainda lhe consegui dizer obrigada, antes de me levarem para o quarto.
29.6.05
1 Semana!
A Constança faz hoje uma semana. Nesta semana a minha vida virou-se de pernas para o ar...
- Dormi pouco, mas calma e pacificamente.
- Recuperei a 100% do parto, a única lesão que permanece é a enorme nódoa negra que tenho no braço, resultado de uma primeira tentativa frustrada de me colocarem o soro.
- Passámos a ser 4 cá em casa mas, miraculosamente, estou despachada de banhos, jantar e arrumações de cozinha às 9 Horas. Uma hora mais cedo do que era habitual...
- Tenho que perder 4,5 Kg para voltar ao peso inicial.
- Apesar disso ainda não tenho nenhumas calças pré-grávida que me sirvam.
- Estou a explodir de felicidade e de amor.
- Eu e o papá estamos em fase de paixão mútua. Este nascimento uniu-nos ainda mais. Foi um trabalho de equipa fabuloso. Acho que relembrámos o quanto somos fortes, os dois juntos.
A Constança...
- passou a semana inteira a dormir.
- Ainda não regularizou os hábitos de alimentação, tanto faz intervalos de duas horas como de seis. Começa agora a estabilizar nas 3 horas e meia, quatro horas.
- Raramente chora.
- Já exibe, desde ontem, uma bela barriga com umbigo perfeitinho de gente.
- Nota-se que cresceu...já houve roupas que deixaram de lhe servir (as de prematuro, 45 cm, claro!).
- Fez o teste do pézinho na segunda-feira. Nesse dia pesei-a e estava com 2,590 Kg (menos 20 grs que à nascença). Ou perdeu muito pouco peso ou já o recuperou (valente!).
- Mama cada vez melhor e com mais satisfação.
- Gosta de ouvir a voz do mano e adora festinhas.
- Tem enormes ataques de soluços, mas não se queixa.
- Gosta de xuxa...
- Adora banho (nunca chorou..., ok, no primeiro um bocadinho, mas foi no hospital e não estavam reunidas as condições ideiais.)
- Como o tempo tem estado muito mais fresco do que eu esperava, as roupinhas que tenho para ela estão quase todas por estrear. Tem vestido tudo o que foi do mano. Adoro reviver aquelas roupas, agora num corpinho diferente. Tem dado uma nostalgia...
E uma semana depois estou...perdidamente apaixonada e a explodir amor por todos os poros. Esta princesa é o melhor antídoto para depressão pós-parto que pode haver.
28.6.05
Dormir!
Esta noite dormi sete horas e meia, divididas em três! Desde dia 21 de Junho que não conseguia tal proeza. O mais giro...é que nem tenho sentido grande falta do sono. Estou feita uma mulherzinha!
27.6.05
De volta!
Tenho tanta, mas tanta coisa para contar que nem sei por onde começar. Vou demorar meses a actualizar isto.
Mas comecemos pelo princípio. A Constança nasceu, como já sabem, no dia 22 de Junho, às 13:40, com 2,610 Kg e 47 cm. Correu tudo muitíssimo bem. Foi rápido (mas não indolor, eh,eh,eh). Aliás não foi rápido, foi um parto relâmpago, daqueles que eu pensava que só nos filmes. Voltei para casa logo na sexta-feira, à hora de almoço. Neste momento posso dizer que estou recuperada a 100%.
Com tempo contarei todos os pormenores. Agora só quero agradecer ao meu querido cunhado, pela divulgação da novidade e por todo o apoio que deu ao papá babado e à minha amiga S. e sua linda filhota Filipa por terem também dito à blogoesfera que a Constança já tinha nascido.
Finalmente, um grande beijinho a todos os que colocaram mensagens neste blog. Adorei ler cada uma delas e para mim todas foram importantes. Nem eu jamais poderia imaginar como se tornam importantes estas palavras de carinho vindas de pessoas que não conheço, nunca vi, nem imagino como sejam. Mas são presenças na minha vida. Existem e eu lembro-me delas ao ponto de querer avisar toda a gente de que estava a chegar a hora. E isso, mais do que todas as filosofias baratas ou caras que se possam elaborar, é que é mesmo importante!
1 Semana!
A Constança faz hoje uma semana. Nesta semana a minha vida virou-se de pernas para o ar...
- Dormi pouco, mas calma e pacificamente.
- Recuperei a 100% do parto, a única lesão que permanece é a enorme nódoa negra que tenho no braço, resultado de uma primeira tentativa frustrada de me colocarem o soro.
- Passámos a ser 4 cá em casa mas, miraculosamente, estou despachada de banhos, jantar e arrumações de cozinha às 9 Horas. Uma hora mais cedo do que era habitual...
- Tenho que perder 4,5 Kg para voltar ao peso inicial.
- Apesar disso ainda não tenho nenhumas calças pré-grávida que me sirvam.
- Estou a explodir de felicidade e de amor.
- Eu e o papá estamos em fase de paixão mútua. Este nascimento uniu-nos ainda mais. Foi um trabalho de equipa fabuloso. Acho que relembrámos o quanto somos fortes, os dois juntos.
A Constança...
- passou a semana inteira a dormir.
- Ainda não regularizou os hábitos de alimentação, tanto faz intervalos de duas horas como de seis. Começa agora a estabilizar nas 3 horas e meia, quatro horas.
- Raramente chora.
- Já exibe, desde ontem, uma bela barriga com umbigo perfeitinho de gente.
- Nota-se que cresceu...já houve roupas que deixaram de lhe servir (as de prematuro, 45 cm, claro!).
- Fez o teste do pézinho na segunda-feira. Nesse dia pesei-a e estava com 2,590 Kg (menos 20 grs que à nascença). Ou perdeu muito pouco peso ou já o recuperou (valente!).
- Mama cada vez melhor e com mais satisfação.
- Gosta de ouvir a voz do mano e adora festinhas.
- Tem enormes ataques de soluços, mas não se queixa.
- Gosta de xuxa...
- Adora banho (nunca chorou..., ok, no primeiro um bocadinho, mas foi no hospital e não estavam reunidas as condições ideiais.)
- Como o tempo tem estado muito mais fresco do que eu esperava, as roupinhas que tenho para ela estão quase todas por estrear. Tem vestido tudo o que foi do mano. Adoro reviver aquelas roupas, agora num corpinho diferente. Tem dado uma nostalgia...
E uma semana depois estou...perdidamente apaixonada e a explodir amor por todos os poros. Esta princesa é o melhor antídoto para depressão pós-parto que pode haver.
Dormir!
Esta noite dormi sete horas e meia, divididas em três! Desde dia 21 de Junho que não conseguia tal proeza. O mais giro...é que nem tenho sentido grande falta do sono. Estou feita uma mulherzinha!
27.6.05
De volta!
Tenho tanta, mas tanta coisa para contar que nem sei por onde começar. Vou demorar meses a actualizar isto.
Mas comecemos pelo princípio. A Constança nasceu, como já sabem, no dia 22 de Junho, às 13:40, com 2,610 Kg e 47 cm. Correu tudo muitíssimo bem. Foi rápido (mas não indolor, eh,eh,eh). Aliás não foi rápido, foi um parto relâmpago, daqueles que eu pensava que só nos filmes. Voltei para casa logo na sexta-feira, à hora de almoço. Neste momento posso dizer que estou recuperada a 100%.
Com tempo contarei todos os pormenores. Agora só quero agradecer ao meu querido cunhado, pela divulgação da novidade e por todo o apoio que deu ao papá babado e à minha amiga S. e sua linda filhota Filipa por terem também dito à blogoesfera que a Constança já tinha nascido.
Finalmente, um grande beijinho a todos os que colocaram mensagens neste blog. Adorei ler cada uma delas e para mim todas foram importantes. Nem eu jamais poderia imaginar como se tornam importantes estas palavras de carinho vindas de pessoas que não conheço, nunca vi, nem imagino como sejam. Mas são presenças na minha vida. Existem e eu lembro-me delas ao ponto de querer avisar toda a gente de que estava a chegar a hora. E isso, mais do que todas as filosofias baratas ou caras que se possam elaborar, é que é mesmo importante!
De volta!
Tenho tanta, mas tanta coisa para contar que nem sei por onde começar. Vou demorar meses a actualizar isto.
Mas comecemos pelo princípio. A Constança nasceu, como já sabem, no dia 22 de Junho, às 13:40, com 2,610 Kg e 47 cm. Correu tudo muitíssimo bem. Foi rápido (mas não indolor, eh,eh,eh). Aliás não foi rápido, foi um parto relâmpago, daqueles que eu pensava que só nos filmes. Voltei para casa logo na sexta-feira, à hora de almoço. Neste momento posso dizer que estou recuperada a 100%.
Com tempo contarei todos os pormenores. Agora só quero agradecer ao meu querido cunhado, pela divulgação da novidade e por todo o apoio que deu ao papá babado e à minha amiga S. e sua linda filhota Filipa por terem também dito à blogoesfera que a Constança já tinha nascido.
Finalmente, um grande beijinho a todos os que colocaram mensagens neste blog. Adorei ler cada uma delas e para mim todas foram importantes. Nem eu jamais poderia imaginar como se tornam importantes estas palavras de carinho vindas de pessoas que não conheço, nunca vi, nem imagino como sejam. Mas são presenças na minha vida. Existem e eu lembro-me delas ao ponto de querer avisar toda a gente de que estava a chegar a hora. E isso, mais do que todas as filosofias baratas ou caras que se possam elaborar, é que é mesmo importante!